HOMENS DE CARÁTER ILIBADO…

De: cesarasa@terra.com.br [mailto:cesarasa@terra.com.br]
Enviada em: sábado, 6 de outubro de 2012 12:27
Assunto: Fw: A Melhor Profissão do Mundo
Repassando a matéria de autoria do próprio neto do Marechal, o Coronel de Art. Roberto S. Mascarenhas de Morais, este, meu amigo e colega de Turma do CMRJ 53-59, aluno 1463.
Quando éramos do CM ele, o Roberto Mascarenhas, vivia na casa de seu avô, o Marechal Mascarenhas e por algumas vezes estudávamos juntos e sempre que prolongávamos nossa virada nos estudos, era convidado a participar do jantar em família e com isto mantínhamos um diálogo sempre proveitoso com o Marechal que me passava sempre uma atitude de um Homem sério, família e que tinha um profundo amor ao seu Exército….
Esta pois foi a lembrança que guardo daquele senhor, militar, que sempre jantava de terno e gravata, profundamente formal. Um homem da antiga que embora profundamente educado denotava atitude firme, educada e amiga. Um verdadeiro Chefe de Família e um vibrante Chefe Militar.
Ao Roberto, o meu abraço amigo. Cesar A.


A Melhor Profissão do Mundo
Roberto Silva Mascarenhas de Moraes (*)

No dia 20/12/1962, o marechal João Baptista Mascarenhas de Moraes compareceu à Academia Militar das Agulhas Negras para entregar a espada de Oficial do Exército Brasileiro, a mim, seu neto. Após a solenidade, na viagem para o Rio de Janeiro, ele me disse:
– Você escolheu a melhor profissão do mundo.
Eu perguntei: – Por quê?
– Porque o militar das Forças Armadas não tem patrão. O seu patrão é o Brasil. Desta forma, nunca ninguém vai lhe mandar passar no caixa, para acertar as contas. Por isto, você não precisa temer em expressar suas opiniões a seus chefes. Faça-o sempre com lealdade, mesmo que sua opinião seja contrária à do seu chefe. Às vezes, uma opinião que contraria a do chefe vai possibilitar a melhor decisão. Vou lhe contar um fato que ilustra muito bem esta verdade.
No retorno ao Rio de Janeiro, durante a viagem, ele me contou uma bela história.
Getúlio Vargas, aluno da Escola Preparatória do Rio Pardo, seu colega de turma, após uma punição disciplinar: “Carregar um saco de areia nas costas durante cem metros”, normal à época, irrita-se com o tenente e acaba se desligando da Escola Preparatória do Rio Pardo.
Cerca de vinte anos mais tarde, Getúlio era o presidente e ditador. O tenente era coronel. Getúlio, em conversa com o ministro da Guerra, à época, relata o fato ocorrido, quando cadete da Escola Preparatória do Rio Pardo e pergunta:
– Ele era tenente, hoje deve ser coronel.
O ministro verifica e diz:
– É o coronel Fulano.
Getúlio pergunta:
– Onde ele está servindo?
O ministro responde:
– Em Porto Alegre.
Getúlio manda transferi-lo para Manaus. Passado algum tempo, Getúlio pergunta ao ministro da Guerra:
– O coronel já está em Manaus?
O ministro responde que sim. Getúlio determina que o coronel seja transferido para Mato Grosso. Passado algum tempo, Getúlio manda transferir o coronel para o Rio de Janeiro e determina que coronel se apresente a ele.
O coronel se apresenta a Getúlio e o presidente diz ao coronel:
– O senhor se lembra de mim?
O coronel responde:
– Não, senhor.
Getúlio diz:
– Eu sou aquele cadete que acabou saindo da Escola Preparatória do Rio Pardo, tendo em vista o castigo físico que o senhor me impôs.
– Presidente, eu apenas apliquei o regulamento.
Getúlio diz:
– Eu mandei transferi-lo para o norte, oeste e leste, para mostrar que hoje eu tenho mais poder sobre o senhor do que o senhor tinha sobre mim naquela época. Mas não vou mais incomodá-lo. O senhor vai escolher um lugar para servir e eu vou mandar classificá-lo lá.
Ao que o coronel responde:
– Não, presidente. O senhor determina e eu vou se quiser. Tenho 30 anos de serviço e posso pedir transferência para a reserva. Sou empregado do Brasil e não do senhor, presidente.
Getúlio responde:
– Muito bem. Então o senhor vai ser Adido Militar em Paris.
O coronel responde:
Sim, senhor presidente.
Posteriormente Getúlio promoveu-o a general.
Esta história reflete muito bem a personalidade de Getúlio. Sabia reconhecer os valores.


(in: “Causos”, Crônicas e Outras… volume 10, páginas 233 e 234, Rio de Janeiro, CASABEL 2011)
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